A certificação do MSC tem um enorme impacto socioeconómico nos participantes do programa, ajudando a incentivar a pesca sustentável e conduzindo a resultados ambientais sustentáveis para os nossos oceanos.
O desafio da investigação
O impacto do programa do MSC na sustentabilidade ambiental é uma área de investigação consolidada. No entanto, os efeitos sociais e económicos que ocorrem como resultado da certificação são menos bem compreendidos. Embora existam alguns estudos publicados sobre este assunto e muitas informações pontuais provenientes de profissionais no terreno, é difícil saber se estas observações podem ser generalizadas sem um estudo equilibrado e rigoroso do programa como um todo. Esta investigação ajuda-nos a compreender as consequências positivas, negativas, diretas e indiretas do programa do MSC.
A solução
Um plano de recolha de dados para monitorizar os efeitos socioeconómicos do programa do MSC. Para o efeito, o MSC organizou vários seminários com economistas e especialistas em ciências sociais marinhas. Este grupo ajudou a desenvolver uma abordagem com base em entrevistas presenciais semiestruturadas, que permite recolher os pontos de vista de um vasto leque de partes interessadas. O MSC conta com diversas partes interessadas, incluindo representantes de organizações pesqueiras, proprietários de embarcações, transformadores, gestores e ONG, entre outros.
O trabalho foi apoiado por uma revisão sistemática dos impactos documentados do programa de certificação do MSC. Este trabalho revelou importantes lacunas na investigação sobre a ligação entre as pescarias e a cadeia de abastecimento, que esperamos vir a colmatar.
Testámos o nosso novo inquérito junto de várias pescarias com certificação do MSC em todo o mundo. A nossa investigação sobre os fatores e os impactos socioeconómicos de oito pescarias na Austrália Ocidental foi publicada em 2020, com um estudo de acompanhamento que analisa a origem do principal impacto da licença social e da credibilidade.
Em 2021, foi publicado um terceiro estudo que analisou as experiências de três pescarias nos EUA, em França e em Portugal. Este estudo demonstrou que os incentivos baseados no mercado, como os do MSC, podem ter um impacto social e económico, particularmente em termos de acesso ao mercado, permanência no mercado e maior confiança entre parceiros. O estudo prova que o programa do MSC cria uma “atração do mercado” que leva o setor dos produtos do mar a ser mais sustentável, uma vez que os concorrentes dos primeiros a adotar o programa não querem ser excluídos dos principais mercados. O nosso inquérito também serviu de base para a investigação socioeconómica realizada com a NEF Consulting, que analisou as experiências de duas pescarias certificadas no Reino Unido.
Esta investigação ajudou-nos a compreender melhor o que influencia a decisão de aderir ou de abandonar o programa do MSC. Ajudou-nos também a compreender o que significa a dinâmica do mercado e as relações com as partes interessadas para os diferentes intervenientes, tanto certificados como não certificados. Fornece provas de como a teoria da mudança do MSC funciona no terreno.
Quem beneficia?
Esta investigação contribuirá para uma comunicação mais transparente e para uma melhor compreensão do impacto global do programa do MSC. Identificará também os efeitos negativos que poderão ter de ser abordados no futuro. Investigações recentes mostram que as ciências sociais marinhas podem oferecer um enorme contributo para a sustentabilidade dos oceanos, com a Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável a criar uma dinâmica neste domínio. A nossa própria investigação pôs em evidência o fosso significativo que existe entre as pescarias e as cadeias de abastecimento. Esperamos que o nosso projeto contribua para colmatar esta lacuna para que os cientistas compreendam melhor os impactos e as vias de mudança que as iniciativas de sustentabilidade dos produtos do mar podem oferecer.
Parceiros de investigação
O desenvolvimento inicial do inquérito foi dirigido por Chris Anderson, da Universidade de Washington, Seattle, EUA, e por Amber Himes-Cornell, da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, Roma, Itália. Foi ainda desenvolvido por Ingrid van Putten da CSIRO, Hobart, Austrália. O projeto conta com a experiência do pessoal do MSC em todo o mundo, bem como de economistas, cientistas sociais e políticos externos.
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