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Os desafios da pesca sustentável na indústria do atum.

Por José Luis Jáuregui

Têm sido, são e serão meses difíceis para todos. Fomos obrigados a estar confinados em casa à procura de novas perspetivas e métodos de trabalho. A pandemia afetou-nos a todos.

A incerteza bate a todas as portas e todos nós nos preparámos, da melhor forma possível, para enfrentar esta situação e ultrapassá-la.

A indústria da pesca do atum não tem sido exceção. Echebastar, uma empresa basca de pesca do atum, com sede em Bermeo e fundada em 1967, tem uma frota de 6 atuneiros e desde o início da sua atividade que promove a pesca sustentável, a utilização responsável dos produtos da pesca e o máximo respeito pelo ambiente.

A Echebastar é a única empresa nacional, entre poucas empresas internacionais, que produz atum ultracongelado de alta qualidade, a bordo dos seus navios congeladores, tradicionalmente concebidos para congelação em salmoura. O atum congelado em salmoura destina-se às fábricas de conservas. Este atum ultracongelado (-60 graus) destina-se à produção do seu conhecido Atum Alakrana.

Os laços familiares são um dos valores desta empresa, que desde Novembro de 2018 é certificada com o selo de pesca sustentável do MSC. José Luis Jáuregui dedicou a maior parte da sua vida ao atum; trabalha há mais de 30 anos em diferentes empresas do sector, e é originário de uma família onde os avós e bisavós, bem como muitos mais membros da sua família, foram pescadores. Também navegou como capitão de navios mercantes, petroleiros, frigoríficos, navios porta-contentores... uma vida para e pela sustentabilidade do mar e dos oceanos.

Nos últimos anos, juntou-se à Echebastar; conta com mais de 18 anos como gestor de vendas e frota e colabora em questões relacionadas com a sustentabilidade, boas práticas no sector das pescas e estabelecimento de relações com outras ONG, na sequência da certificação.

A aprendizagem tem sido o leitmotiv da epidemia que tem feito os títulos principais nos principais meios de comunicação social. O COVID-19 mudou a forma como todos trabalham. Os tempos a bordo do navio não são fáceis. É muito difícil rodar as tripulações, efetuar corretamente as substituições da tripulação, pois os voos comerciais das companhias aéreas internacionais foram cancelados. Toda a frota de Echebastar está nas Seychelles, e ainda não há voos regulares... As tripulações não puderam regressar a casa após os seus períodos de embarque e não tiveram outra escolha senão continuar a bordo, aguardando até que a companhia obtenha as licenças necessárias para alugar aviões e efetuar as substituições da forma mais favorável para todos.

O lado humano

Seis cercadores e duas embarcações auxiliares trabalham com muitas pessoas que se encontram a bordo há mais de quatro meses, sem poderem abandonar o navio para salvaguardar a sua própria saúde. Mais de 180 pessoas têm lutado todos os dias para seguirem em frente. É um orgulho para a Echebastar apresentar a sua equipa de marinheiros, como também a todo o pessoal envolvido com a empresa, agradecendo a todos, sem exceção, pela sua atitude. A tripulação dos navios é constituída por trabalhadores de muitos lugares e países. De diferentes partes de Espanha, desde o norte, sul e o leste, como também trabalhadores de outros países tais como o Senegal, Costa do Marfim, Quénia, Indonésia, Madagáscar, Seychelles, etc.

O lado profissional

Com o início da pandemia, a febre pelo açambarcamento de alimentos não perecíveis, tais como produtos enlatados, e outros itens básicos de lojas e supermercados foi evidente, afetando a empresa e a oferta disponível. Uma vez que ninguém podia pescar mais do que era permitido e os produtores de conservas trabalharam o mais arduamente possível para satisfazer o aumento da procura. Agora, com o regresso à normalidade, a procura de conservas de atum continua, mas voltou ao seu estado habitual.

O futuro

Será que a pesca certificada e sustentável se tornará mais importante para os consumidores? Para Echebastar a resposta é clara: a pesca sustentável está acima de toda esta nova situação. A procura de atum sustentável continua a aumentar, como elemento indispensável para saladas e sandes, em bares, restaurantes e supermercados.

O COVID-19 irá mudar o nosso comportamento, a nossa vida social será também afetada de alguma forma, e teremos de ser cuidadosos na forma como nos relacionamos. Nos próximos meses e anos serão descobertos medicamentos importantes que irão aliviar esta situação sanitária. Teremos de mudar muito o nosso estilo de vida, mas a importância do atum no mundo não irá mudar.