O MSC invoca os produtores e consumidores a manter o seu compromisso com o atum sustentável.
De acordo com o novo relatório publicado hoje pelo Marine Stewardship Council (MSC), as vendas de atum sustentável mais do que duplicaram nos últimos cinco anos.
Entre 2018 e 2019, mais de 54.000 toneladas de atum foram vendidas com o selo azul do MSC mundialmente reconhecido, em comparação com as 21.500 toneladas em 2015/16. Os valores para 2019/20 deverão ser ainda mais elevados[1].
O rápido aumento das vendas globais de atum sustentável com o selo do MSC resulta de transformações no sector das pescas. Atualmente, 28% das capturas globais de atum estão agora certificadas de acordo com as normas do MSC para a pesca sustentável, em comparação com os 14% de 2014. Estas mudanças foram impulsionadas pelo aumento da procura tanto por parte das empresas de distribuição como dos consumidores.
Com a pandemia do coronavírus a conduzir a um recente aumento da procura de conservas de atum*, o MSC incita tanto os produtores como os consumidores a manterem o seu empenho na sustentabilidade do atum. No dia 2 de Maio, para assinalar o Dia Mundial do Atum, foi publicado um guia completo sobre a pesca sustentável do atum (em inglês).
Bill Holden, perito global do MSC em atum, afirmou: "Nos últimos meses, muitas famílias não terão possibilidade de visitar ou ver o oceano - uma inspiração e uma maravilha para todos nós". Mas a boa notícia é que, mesmo nestes tempos difíceis, os consumidores podem continuar a fazer a diferença, optando por produtos do mar de fontes sustentáveis". Embora o atum seja um dos peixes mais consumidos e populares do mundo, a realidade é que cerca de um terço das unidades populacionais de atum permanecem num estado frágil. Ao comprar atum com o selo azul do MSC, os compradores estão a desempenhar o seu papel com vista a garantir que as unidades populacionais de atum estejam asseguradas para as gerações futuras.”
Mudanças na produção global de atum
O volume de atum capturado de acordo com o Padrão mundialmente reconhecido do MSC para a pesca sustentável mais do que duplicou, passando de 700.000 toneladas em 2014 para 1,4 milhões de toneladas em Setembro de 2019. Existem agora 29 pescarias de atum certificadas pelo MSC, em comparação com apenas as 8 de Setembro de 2014.
Estas pescarias operam de acordo com as melhores práticas mundialmente reconhecidas em matéria de pesca sustentável, minimizando o seu impacto no ambiente. Continuam também a produzir melhorias com vista a salvaguardar as unidades populacionais de atum e a proteger espécies marinhas importantes, como os tubarões, as raias e as tartarugas.
Por trás desta transformação estão mais de 200 empresas que comercializam atum sustentável certificado pelo MSC, vendido em 41 países. Estão incluídas as multinacionais globais responsáveis por algumas das maiores marcas mundiais de atum, incluindo a John West (Austrália, propriedade da Simplot); Petit Navire, Chicken of the Sea e Genova (propriedade da Thai Union); e Rio Mare (propriedade da Bolton Food). Entre os retalhistas que também lideram o mercado contam-se a Sainsbury's, MIGROS, Albert Heijn, Lidl e Aldi.
Steven Adolf, autor do recente livro publicado, Tuna Wars, disse: "O aumento da popularidade do atum no final do século passado, quer em sushi quer em latas, resultou num crescimento acentuado das capturas globais de atum, em práticas insustentáveis e na pesca ilegal. Devido à actual crise da covid-19, a necessidade de proteínas saudáveis e seguras só irá aumentar, aumentando a pressão sobre as nossas unidades populacionais globais de atum. Muitos desafios se colocam, mas, felizmente, um número crescente de pescadores, retalhistas e marcas estão a assumir compromissos ousados para obter a certificação MSC. Não devemos perder este "momentum”positivo.
O atum em Portugal
Relativamente à produção de conservas de atum, em 2017 registaram um aumento da produção (32,3%) em relação ao ano anterior com 22.000 toneladas produzidas[2]. A presença de atum certificado com o selo MSC em Portugal é ainda bastante reduzida e a maioria da produção nacional de conservas de tunídeos com o selo MSC tem como destino o norte da europa.
Portugal conta já com 39 empresas com certificação de Cadeia de Custódia do MSC, onde o setor das conservas representa um quarto das empresas com a certificação MSC. Os grupos Cofisa, A Poveira e Freitasmar destacam-se na produção de conservas de atum MSC. Na restauração, o IKEA Portugal conta também com uma oferta de Bonito (Katsuwonus pelamis) certificado com o selo MSC.
A importância do atum sustentável para todos nós
Para além de fornecer um conteúdo rico em proteínas, com baixo teor de gordura, e apresentar-se como uma forma versátil de comer peixe como parte de uma dieta saudável, o atum tem um enorme valor social e económico. O mercado mundial do atum vale mais de 42 mil milhões de dólares por ano[3]. Mais de 6 milhões de pessoas trabalham na indústria do atum só na região da Ásia-Pacífico[4].
Globalmente, das unidades populacionais de atum, 65% são consideradas estar em bom estado, 17,5% estão sobrepescadas e mais 17,5% estão num nível intermédio[5]. Além disso, cerca de 70% não está sujeito a sobrepesca, embora os restantes 30% sim o estão.
[1] O MSC recebe trimestralmente dados sobre as vendas de produtos do mar rotulados pelo MSC dos titulares das licenças, normalmente com um a três meses de atraso. Por conseguinte, os dados de 2019/20 não estão completos, mas os valores trimestrais até à data são superiores a 2018/19
[2] INE – Estatística da Pesca, 2018
[3] https://www.pewtrusts.org/en/projects/archived-projects/global-tuna-conservation
[4] https://www.adb.org/features/sustainable-tuna-fisheries-asia-and-pacific-numbers
[5] https://iss-foundation.org/knowledge-tools/technical-and-meeting-reports/download-info/issf-2020-12-status-of-the-world-fisheries-for-tuna-march-2020/