A espécie é pescada pelas frotas de cerco da ANOPCERCO e OPPs Cantábrico
Lisboa, 27 de setembro de 2024. – A organização sem fins lucrativos Marine Stewardship Council (MSC) anuncia a entrada em avaliação completa de acordo com o Padrão de Pesca do MSC da pescaria de cerco da Sardinha Ibérica (Sardina pilchardus). Este processo de avaliação é liderado pela Associação Nacional das Organizações de Produtores da Pesca do Cerco (ANOPCERCO) e pela Asociación de Organizaciones de Productores de Pesca del Cantábrico (OPPs CANTÁBRICO).
O Padrão de Pesca do MSC, amplamente reconhecido como o processo de avaliação da sustentabilidade da pesca extrativa mais rigoroso e credível do mundo, certifica pescarias sustentáveis e bem geridas, baseando-se em três princípios fundamentais: populações saudáveis de peixes; minimização do impacto sobre o meio marinho no seu conjunto; e um sistema eficaz de gestão pesqueira. A certificação da sardinha ibérica será realizada pelo certificador independente Bureau Veritas para os três princípios mencionados.
A sardinha ibérica, um recurso valioso partilhado por Portugal e Espanha, distribui-se do Golfo da Biscaia ao Estreito de Gibraltar. A sardinha portuguesa obteve anteriormente a certificação MSC, um reconhecimento importante, que em 2014 foi suspenso devido a desafios na gestão do stock. Desde então, têm sido implementadas medidas para melhorar a sustentabilidade da pescaria, visando uma futura recertificação. Em 2021, Portugal e Espanha acordaram um Plano Multianual de Gestão que inclui, regras que definem as capturas anuais, períodos de interdição da pesca, limites à captura de juvenis entre outras medidas de gestão que têm como objetivo a gestão sustentável deste recurso partilhado.
Em avaliação estará a pesca do cerco, composta por 339 embarcações que direcionam as suas capturas para pequenos pelágicos, 144 pertencem à frota portuguesa e 195 à frota espanhola, e as capturas são realizadas na zona FAO 27, concretamente nas zonas CIEM VIIIc e IXa.
O processo de avaliação agrega 17 Organizações de Produtores de Pesca (OPs) de Espanha e Portugal, assim como 3 associações de indústrias alimentares de Portugal. Todas as OPs portuguesas são membros da ANOPCERCO. No caso de Espanha, 6 das OPs estão integradas na OPPs CANTÁBRICO, bem como outras 2 OPs que não são membros da referida Associação, mas que também realizam essas capturas. Finalmente, dentro do grupo cliente desta pescaria estão 3 associações portuguesas de indústrias alimentares, Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe (ANICP), Associação Nacional da Indústria pelo Frio e Comércio de Produtos Alimentares (ALIF) e Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED).
Humberto Jorge, presidente da ANOPCERCO - “É com um enorme orgulho que encaramos este processo de certificação da sardinha ibérica, depois de termos tomado a iniciativa no final de 2022, conjuntamente com a indústria de conservas, com a indústria de congelação e com as empresas de distribuição, e tendo como ponto de partida o sucesso obtido na recuperação do stock ibérico da sardinha, e os enormes sacrifícios desenvolvidos pelo setor para garantir essa recuperação.
A obtenção da certificação de sustentabilidade MSC irá trazer benefícios para todos os intervenientes na fileira da pesca da sardinha. É essencial manter ou mesmo reforçar o acompanhamento científico sobre o estado do recurso e reforçar o papel das organizações de produtores na regulação do mercado e na gestão participada deste recurso tão importante para as pescas portuguesas.”
Alberto Castro, membro da OPPs CANTÁBRICO – “Após muito esforço, encaramos o processo de certificação MSC com entusiasmo. É muito importante para nós demonstrar através de uma certificação como a do MSC, reconhecida, rigorosa e independente, o grande trabalho que se realiza na gestão desta pescaria tão importante para nós”
Alberto Martín, diretor do programa MSC para Espanha e Portugal - “A pesca da sardinha é um exemplo de como as diferentes partes interessadas, produtores, administração, empresas e cientistas, podem unir esforços em prol da sustentabilidade. As frotas espanhola e portuguesa estão a colaborar muito estreitamente para conseguir uma gestão sustentável da sardinha ibérica. Têm investido muito esforço na melhoria das informações disponíveis em relação ao stock, aperfeiçoando os dados e propiciando a geração de novos modelos ecossistémicos para compreender melhor que relações existem na cadeia trófica com este recurso. Por todo este trabalho realizado, felicito as frotas de ambos os países e desejo-lhes sorte no processo de avaliação completa da sardinha que determinará, através de um processo objetivo e baseado na ciência, se a sardinha pode ser certificada.”
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