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12% das capturas globais de pequenos pelágicos já são certificadas pelo Marine Stewardship Council

Asun Talavera

Marcas e retalhistas podem desempenhar um papel crucial na proteção das populações destas espécies

As marcas e os retalhistas têm um papel fundamental na preservação das populações de pequenos peixes pelágicos, de acordo com o Marine Stewardship Council (MSC), especialmente num contexto de procura crescente, tanto para consumo humano como para o mercado das farinhas alimentares.

O arenque, o verdinho e a cavala do Atlântico Nordeste perderam ou viram suspensas as suas certificações do MSC na sequência de desacordos entre as nações pesqueiras sobre as quotas. Nos últimos 25 anos, estas três importantes populações estiveram protegidas por acordos internacionais durante apenas quatro anos. Como resultado, nos últimos sete anos, as capturas destas espécies ultrapassaram em 31% os níveis recomendados pela comunidade científica.

Em resposta a esta situação, alguns dos parceiros comerciais do MSC já estão a recorrer a alternativas sustentáveis, como o arenque do Mar do Norte, o arenque islandês de desova estival, o sardinha-bandeira do Sul do Golfo da Califórnia e o carapau chileno, que se encontram disponíveis e abastecem mercados relevantes.

De acordo com o Small Pelagics Yearbook 2025 do MSC [Relatório dos Pequenos Pelágicos 2025], as espécies de pequenos pelágicos representam o segundo maior grupo dentro do programa do MSC. Em 2024, mais de 3 milhões de toneladas métricas foram certificadas em todo o mundo, o equivalente a 12% das capturas globais dessas espécies.

Estes pequenos peixes desempenham um papel vital nos ecossistemas marinhos, servindo como principal fonte de alimento para diversas formas de vida marinha. Além de fornecerem nutrientes essenciais para a dieta humana, a sua mistura de proteínas e ácidos gordos ómega 3 torna-os num recurso valioso para a aquicultura e para produção de ingredientes marinhos.

No contexto nacional, a sardinha, a cavala e o carapau lideram as principais espécies desembarcadas pela frota portuguesa. A Análise ao mercado nacional de pequenos pelágicos realizada pelo MSC posiciona Portugal como o principal exportador de sardinha enlatada da UE. Em 2023 / 2024, 46,4% da produção mundial de conservas de sardinha com o selo MSC foi realizada por conserveiras portuguesas, com um valor de negócio de 4,5 milhões de euros. Atualmente, as empresas nacionais exportam conservas de sardinha MSC para mais de 14 países, sob 26 marcas diferentes.

A potencial certificação da sardinha ibérica poderá abrir novos mercados e oportunidades para o setor nacional, tanto para exportação como para o mercado interno. O MSC espera que esta oportunidade possa também refletir um compromisso, com maior presença do selo azul MSC em Portugal, por parte das marcas que apostam na sustentabilidade dos produtos da pesca de pequenos pelágicos.

É fundamental garantir a sustentabilidade dos pequenos pelágicos, uma vez que a procura continua a crescer por diversos motivos. Em primeiro lugar, existe uma procura cada vez maior por óleos de peixe de origem sustentável para consumo humano. Em 2008, apenas quatro suplementos de óleo de peixe possuíam o selo azul do MSC. No exercício financeiro de 2023/24, esse número subiu para 475 produtos certificados. Em segundo lugar, as projeções indicam que a aquicultura continuará a expandir-se, o que aumentará a procura por pequenos pelágicos, essenciais para a produção de farinha e óleo de peixe destinados à alimentação animal.

Nicolas Guichoux, Diretor do Programa do MSC, afirma: “Num contexto de procura crescente, é essencial proteger as pescarias de pequenos pelágicos para o futuro. Este relatório, recentemente publicado, destaca a importância da certificação na promoção de práticas sustentáveis, ao mesmo tempo que alerta para os riscos enfrentados por estas pescarias dinâmicas devido à ausência de acordos internacionais que previnam a sobrepesca e a gestão inadequada”.

Os retalhistas e as marcas podem desempenhar um papel decisivo ao promover o abastecimento de pequenos peixes pelágicos certificados. Além das espécies em processo de certificação, é essencial implementar ajustes nas quotas pesqueiras de espécies estáveis, como a cavala do Atlântico, o verdinho e o arenque atlântico-escandinavo, permitindo o seu regresso ao programa do MSC.

Estas espécies são vitais para o abastecimento dos principais mercados mundiais que dependem destas pescarias como uma importante fonte de proteínas, garantindo a disponibilidade certificada para a indústria e para os consumidores. A longo prazo, isto poderá influenciar tanto os preços como os volumes de produtos disponíveis no mercado.”

O Small Pelagics Yearbook 2025 [Relatório dos Pequenos Pelágicos 2025] descreve os desafios enfrentados por estas espécies, incluindo os impactos das alterações climáticas na distribuição das populações de peixes, enquanto fornece uma análise detalhada do mercado global. Destaca alguns casos de estudo exemplares de pescarias certificadas de pequenos pelágicos, bem como o papel da certificação na promoção de efeitos positivos para as pessoas e para o planeta.

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Contacto para os meios de comunicação:

Asun Talavera, [email protected]; +34 676 016 630

MSC Small Pelagics Yearbook - Press Release FINAL 31032025_PT
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