Pescaria de arrasto no Suriname: aplicação para smartphone para identificar espécies protegidas

• Adotar a tecnologia de smartphone para autorrelato e desenvolvimento de protocolos de monitorização a bordo.
• Desenvolver uma base de dados de espécies em perigo, ameaçadas e protegidas.
• Apoiar o desenvolvimento de estratégias de gestão para atenuar os impactos nas espécies em perigo, ameaçadas e protegidas.
  

Melhorar as práticas de pesca através da recolha de dados

Ao largo da costa do Suriname, no Oceano Atlântico Ocidental, a pescaria de corvinata (Cynoscion virescens) e de pescada-amarela (Cynoscion acoupa) inclui tanto arrastões industriais como embarcações artesanais com redes de emalhar de deriva.

A pescaria de arrasto do Suriname, que é gerida pela ONG CeDe Pesca, foi pré-avaliada ao abrigo do Padrão de Pesca do MSC em 2020. Continua agora com o seu programa de melhoria e o plano de ação com vista a uma avaliação completa. Para ser certificada como sustentável, a pescaria deve em seguida desenvolver estratégias de gestão para minimizar as interações com as espécies em perigo, ameaçadas e protegidas e as capturas acessórias.

A pescaria recolherá dados sobre as espécies encontradas durante as suas operações, divulgará recomendações e protocolos de gestão à tripulação e, se for o caso, adotará medidas para minimizar os impactos.

Mishel Valery Rañada é aluna de mestrado na Vrije Universiteit Brussel, em Bruxelas, na Bélgica. Rañada é beneficiária de uma bolsa de investigação para estudantes da OSF. No âmbito do seu projeto de investigação, trabalhará com os gestores da pescaria e utilizará a bolsa para os ajudar a obter os dados de que necessitam para avançar para a certificação.

Resultados da investigação para melhorar a gestão

O projeto de Rañada irá desenvolver e implementar um programa auditável de recolha de dados e autoamostragem para a pescaria.

Este programa será conduzido pelos próprios pescadores, utilizando a tecnologia dos smartphones e a aplicação Mofi, da Anchorlab, previamente adaptada e aplicada com sucesso num projeto do Science & Research Fund em 2020.

Os pescadores recolhem e carregam imagens das espécies em perigo, ameaçadas e protegidas encontradas diretamente na aplicação, que depois são inseridas numa base de dados central. As imagens são georreferenciadas e associadas a cada evento de interação. Esta metodologia oferece uma forma simples e económica de expandir o conhecimento científico sobre a distribuição destas espécies na zona de atuação da pescaria.

Para garantir que os protocolos de recolha de dados sejam sólidos e corretamente aplicados, Rañada criará um formulário digital para registar as interações com as espécies em perigo, ameaçadas e protegidas, em colaboração com a pescaria e as partes interessadas. Num estudo-piloto, esses protocolos serão testados a bordo e em cenários de pesca reais, com a possibilidade de serem ajustados conforme necessário. Os capitães e a tripulação receberão formação sobre o uso da aplicação de autorrelato e os dados serão recolhidos continuamente durante um período de seis meses. Os formulários de autorrelato testados serão depois disponibilizados a outras pescarias, como a pescaria do camarão sete-barbas do Suriname, que pretende melhorar as suas práticas.    

Os resultados finais estarão disponíveis em maio de 2025 e servirão de base para as recomendações sobre a estratégia de gestão da pescaria.